terça-feira, 24 de novembro de 2009

TRAÇO DE UNIÃO MOSTRA VELHA GUARDA

DIA 27 11 09 NO ANIVERSÁRIO DO TRAÇO DE UNIÃO A VELHA GUARDA DO CAMISA VERDE E BRANCO ESTARA PRESENTE COM SUAS COMPOSIÇÕES E SUA HISTORIA
CONVITES COM MUITA PROCURA  R$ 100,00 E OPEN BAR, CERVEJA, CAIPIRINHA E AGUAS

terça-feira, 10 de novembro de 2009

22 11 09 CENTRO CULTURAL SAO PAULO 18.00 HS DOMINGO

22 11 centro cultural sp 18 00 hs
PARTICIPANDO DOS EVENTOS DA COMEMORAÇÃO DO DIA DA NEGRITUDE 
ESTAREMOS NO CENTRO CULTURAL SAO PAULO COM A C.V.B
ENTRADA GRATIS

15 11 09 PAGODE DO CAFOFO COM A VELHA GUARDA DO CVB

PARABÉNS para o pessoal do PAGODE DO CAFOFO . O mesmo completará 7 anos de vida estaremos la dia 15 11 09 COM A VELHA GUARDA DO C.V.B

RODA DE SAMBA QUADRA DO CAMISA DIA 14 11 09 sabado tard/noite

A VELHA GUARDA ESTARA PRESENTE DIA 14 11 09, sabado a tarde inicio 16.00 hs NA QUADRA DO CAMISA PARA MAIS UMA RODA DE SAMBA

quinta-feira, 5 de novembro de 2009


São Paulo, domingo, 5 de janeiro de 2006. Sol escaldante. Ao meio-dia, o vídeo-repórter Entra em um taxi rumo à Vila Santa Maria, na zona norte da cidade. A pauta da oitava vídeo-reportagem da série Samba SP, levada ao ar pelo UOL, era acompanhar os integrantes do Projeto Memória do Samba Paulista em uma reunião com a velha guarda da escola Camisa Verde e Branco.Capitaneado pelos produtores culturais T-Kaçula, 33, Renato Dias. 34, e Ligia Fernandes, 25, o projeto mapeia e registra compositores das velhas guardas das escolas paulistanas. O resultado será uma coleção com 12 CDs e um livro sobre a história do samba de São Paulo.Com o apoio da ONG Sambatá, dirigida pelo músico e produtor Guga Stroeter, o projeto já gravou seis discos da série. São eles: Embaixada do Samba Paulistana, Toniquinho Batuqueiro, Tias Baianas Paulistas, Velha Guarda da Escola de Samba Unidos do Peruche, Velha Guarda da Escola de Samba Nenê de Vila Matilde, e Ideval e Zelão. Os quatro primeiros têm lançamento marcado para março.O local da reunião com a velha guarda da Camisa Verde e Branco foi uma padaria na Vila Santa Maria que tornou-se tradicional ponto de encontro do grupo. Com a exceção de Hailtinho - que não foi ao encontro - e Jamelão - que chegou depois -, já estavam devidamente acomodados, e bebericando, os outros cinco senhores que carregam a memória de boa parte da história da agremiação da Barra Funda.Sob os respeitosos cabelos brancos de Nelson Primo, Mário Luiz, Paulinho, Airton Santa Maria e Dadinho (o único que não tem cabelos brancos, pois é calvo) estava uma simpatia e um bom humor de dar inveja a qualquer "mocidade".Na zona norte, a paixão pelo samba é explícita nas rodas e botecos. As conversas e brincadeiras ressoam bandeiras e orgulhos como nas discussões sobre futebol. De pé, ao lado da mesa da velha guarda, estava um sujeito falastrão, simpatizante da escola de samba Rosas de Ouro, e armado de picardia. "Este ano a Camisa vai cair", troçou. "Que é isso, a gente vem pra ganhar o carnaval", respondeu vigorosamente Paulinho, antes de ponderar, "o Camisa pode até não ganhar o Carnaval, mas com certeza a gente tem o melhor samba".Todos a postos e cessadas as brincadeiras, o produtor T-Kaçula, que também faz parte da ala de músicos da Camisa Verde e Branco, iniciou a reunião. Cuidadosamente, ele explicou os propósitos do projeto e ao final destacou, orgulhoso, que o convite para participar do Memória do Samba Paulista é "pela importância que a velha guarda da Camisa Verde e Branco representa para a história do samba de São Paulo, e pra estender mais, pela importância que a velha guarda representa para a história do samba brasileiro."A importância destacada por T-Kaçula reflete a longa história da escola. Em 1914, Dionísio Barbosa fundou o grupo carnavalesco Barra Funda, o primeiro cordão da cidade de São Paulo. O grupo, que saía nos carnavais com os integrantes vestidos com camisas verdes e calças brancas, teve suas atividades interrompidas em 1936. Em 1953, Inocêncio Tobias, o "Mulata", reuniu foliões que haviam dispersado do Barra Funda e dissidentes do cordão Campos Elíseos para fundar o cordão Camisa Verde e Branco. A nova agremiação sagrou-se campeã já no primeiro desfile em 1954, com o enredo IV Centenário de São Paulo. Em 1972, o cordão tornou-se escola de samba.Depois que Kaçula apresentou o convite, os senhores da velha guarda manifestaram-se, um a um. Conversa séria, indagações sobre sutilizas jurídicas e contratuais, questões financeiras. O sorriso dos sambistas desapareceu, as testas franziram-se em tom severo e
logo Mario Luiz disse à reportagem, amigável e educadamente: "Por favor, desligue a câmera".A reunião caminhava para o fim, a câmera deitada sobre o colo e o repórter quase em pânico. Afinal de contas, a pauta inicial, como descrito no primeiro parágrafo, "era" acompanhar a reunião do projeto Memória do Samba Paulista com a Velha Guarda da Camisa Verde e Branco. Na verdade, um esforço de se registrar a atuação de gente que busca cobrir uma lacuna colossal da história da cultura popular paulistana.Esse é o preço que se paga quando se sai de casa sem uma pauta fechada, armada em perguntas pré-definidas. "Faltou combinar com os russos", diria o lendário Garrincha. O documentarista Eduardo Coutinho, em entrevista recente à vídeo-reportagem do UOL, ao falar sobre o seu filme "O Fim e o Princípio", disse que esse procedimento (a não pauta) é o que lhe proporciona um encontro desarmado com o entrevistado. Como o sujeito que assina lá em cima não tem a destreza do citado documentarista e a possibilidade do encontro acabara de se desmanchar na mesa de reuniões da padaria do português, a reportagem quase chega ao fim logo no princípio. Quase!Por obra do acaso, alguém da mesa avistou à distância um homenzarrão de quase um metro e noventa a caminhar distraidamente na esquina oposta à da padaria. "Olha lá, olha lá, ó o Tio Mário vindo lá. Filma ele", disse o olheiro da velha guarda. E um outro acresentou, "este é a história do samba".Pois lá vinha uma Memória do Samba Paulista ambulante. Aos 79 anos, Tio Mário caminhava absorto, sob o sol de rachar, e batucava na palma da mão marcando o rítmo de seus passos. Nesse momento, acabou a reunião. O motor da câmera voltou a funcionar, os sorrisos voltaram à mesa e Airton Santa Maria sugeriu: "pega ele chegando lá de fora".Tio Mário veio caminhando no rítmo das palmas, distraído. Quando bateu os olhos no repórter a lhe apontar a câmera assustou-se. Parou desconfiado, manteve uma distância segura e abriu os braços como se dissesse "o que que foi que está me apontando isso?" Quando chegou à mesa, revelou o desconforto do encontro, "o homem chegou de supetão e eu pensei, vou pegar ele. Mas não sei se é canhão ou revolver (a câmera)".Tio Mário, diz que é "barrafundeiro nato, nascido na Barra Funda de baixo". Comandou o movimento de samba nas Perdizes, no morro da Calábria, e é também um dos dissidentes do cordão Campos Elíseos que ajudou Inocêncio Tobias a fundar a Camisa Verde e Branco. "Sou mais velho que a escola", orgulha-se.Um pouco refratário a render as perguntas sobre a sua trajetória no samba, resolveu abrir de outra maneira a sua caixa de memórias. Bateu na mesa e convocou os outros a o acompanharem na cantoria. Fio a fio, teceu uma roda de samba que revelou-se como um momento histórico, segundo T-Kaçula.Crescido entre batuqueiros de tambu e de sambas de umbigada, as composições de Tio Mário têm o inconfundível andamento dos sambas de "pés no chão". As mãos batendo na mesa de lata da padaria e os versos saindo: "Quebra quebra, quebra quebra / Quebra tudo linda flor / Quero ver se tem coragem / De quebrar o nosso amor." Entusiasmado, Airton Santa Maria comenta, "é a batida tradicional, não tem jeito, vem do tambu, da umbidada, do samba paulista".A forma de compor expõe as heranças da cultura africana. Como nas tradições banto, o encantamento e as ligações entre o mundo dos vivos e os antepassados interfere no processo de criação. "Cantador passou na minha cabeça, então eu começo a cantar. Eu levanto a noite e começo a escrever, aí deito e durmo. Levanto de manhã e digo comecei esse samba assim e assim. e passa. Tá guardado aquele negócio lá. Passa dois, três meses e, quando eu penso que não, vem a segunda parte", descreve o decano da Barra Funda.Pelo jeito, o "cantador" passou muitas e muitas vezes pela cabeça de Tio Mário. Um após o outro, na padaria do português, a velha guarda da Camisa Verde e Branco cantou vários sambas dele.Aos poucos, as pessoas foram saindo, a cuidar das vidas. A mesa esvaziou-se. Sobraram o Airton Santa Maria, Tio Mário e o repórter. A convite dos dois, a reportagem foi conhecer um bar, nas proximidades da padaria, que é reduto incontestável de sambistas da zona norte. Lá estavam gentes de vários blocos e escolas da região. Dentro do bar, antes de desligar definitivamente a câmera, ainda foi possível gravar o homenzarrão de 79 anos requebrar lentamente ao som de um agogô.Encerrado o expediente, encostado o cotovelo no balcão, copo de cerveja em punho, foram mais várias horas de conversa. Um sujeito falou longamente sobre o Navio Negreiro, um novo bloco do bairro. No final, previu que a reportagem estava presenciando o nascimento de uma escola de samba. O repórter, a essa altura, já pensava em fundar também uma escola. A Acadêmicos do Cotovelo de Ouro.Como as histórias são infinitas, o espaço é pouco e a memória é seletiva, a vídeo-reportagem pode ser considerada como um lampejo, uma centelha da Memória do Samba Samba Paulista. A narrativa é como os golpes da memória, fragmentada. E os sambas de Tio Mário inesquecíveis.

FONTE SITE UOL MUSIC